A coordenadora-geral do Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), deputada Yandra Moura (SE), mediou um workshop que discutiu estratégias de enfrentamento à violência política de gênero. Realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, o evento reuniu parlamentares, especialistas e lideranças de diferentes áreas
Yandra Moura destacou que, além do impacto psicológico, a violência política contribui para desmotivar mulheres a ingressarem ou permanecerem nos espaços de decisão.
“Apesar dos avanços legislativos, como a tipificação da violência política de gênero como crime, ainda registramos elevados números de denúncias, mostrando que este é um problema persistente e que precisa de respostas urgentes”, afirmou.
Para a parlamentar, a sub-representação feminina nos espaços de poder é um dos principais desafios para a transformação das políticas públicas.
“Garantir que mais mulheres estejam representadas nos espaços de poder é garantir um Brasil mais diverso. Cuidar da saúde mental de nossas lideranças é um passo essencial nesse caminho”, ressaltou Yandra.
Durante o evento, foram apresentadas iniciativas concretas para combater a violência política, entre elas o projeto “Entre Nós, Candidatas”, que oferece acolhimento psicossocial a mulheres vítimas desse tipo de violência. Além disso, foi lançada a cartilha “Cuidado e Autocuidado em Saúde Mental como Ferramenta de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça”, resultado de uma parceria entre o ONMP e o Mapa do Acolhimento.
Números
De acordo com a pesquisa Violência Política e Eleitoral no Brasil, desenvolvida pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, o número de casos de violência política no período pré-eleitoral em 2024 foi 130% superior ao registrado nas eleições municipais anteriores. Neste ano, houve um caso de violência política a cada um dia e meio no Brasil.
Entre 2022 e 2024, a pesquisa identificou 299 casos de violência política no país, envolvendo tanto pessoas já em exercício de mandato quanto pré-candidatos e candidatos.
Embora subrepresentadas nos cargos eletivos, as mulheres foram vítimas de 46% das ocorrências no período analisado. As formas de violência mais recorrentes foram ameaças, com 73 registros, e ofensas, contabilizando 34 casos. O levantamento também revelou 15 casos de ameaça de estupro contra parlamentares mulheres.
Foto: Observatório Nacional da Mulher na Política / Divulgação