A maioria dos 11 países do bloco ainda tem menos de 30% da representação feminina, tanto nos parlamentos quanto nos ministérios
Nesta terça-feira (3), começou no Congresso Nacional a programação oficial do 11° Fórum Parlamentar do BRICS. Durante a 3ª sessão de trabalho, a senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO) cobrou uma ação mais contundente dos países-membros do bloco na ampliação da participação das mulheres na política.
“ O BRICS tem hoje uma oportunidade para dar o espaço devido para as mulheres. Nós somos, na grande maioria dos países, mais de 50% da população, mas estamos sub-representadas quando olhamos para o mercado privado, para as empresas, no poder público, Legislativo, Executivo e Judiciário. Nós não vamos conseguir avançar se nós não conseguirmos a sensibilização de homens e mulheres, porque os espaços de decisão estão com os homens”, afirmou.
A parlamentar observou que a representação política feminina nos países do BRICS ainda é reduzida: apenas dois países têm a paridade ou a maioria de mulheres nas câmaras legislativas. A maioria dos 11 países do bloco tem menos de 30% da representação feminina, tanto nos parlamentos quanto nos ministérios.
Em sua avaliação, isso se deve, em parte, ao acesso desigual à educação. “No Brasil, já temos mais mulheres do que homens no ensino superior completo. No entanto, ainda somos minoria em áreas como ciências exatas e tecnologias, reduzindo a nossa presença em espaços considerados menos femininos”, disse.
Dorinha Seabra acrescentou que, no Brasil, onde vigora a cota de 30% de candidaturas de mulheres para representação no Congresso, a bancada feminina ainda luta para que essa reserva não seja “simplesmente eliminada”.
Para a senadora, o BRICS precisa incentivar seus membros a entenderem a importância da ampliação da representação de mulheres nos parlamentos. De acordo com ela, o último encontro da cúpula, em 2024, resultou em documento final que menciona as mulheres poucas vezes em suas páginas.
“O Brasil tem oportunidade de, como sede do BRICS, estabelecer e construir um documento que seja diferente do último, que mencionou por seis vezes as mulheres, quatro vezes genericamente, ignorando totalmente a nossa representação, a nossa força. Não tem como construir uma democracia sem dar importância real para nós mulheres. A oportunidade de ocupar espaços ainda é muito limitada no Brasil e não é muito diferente nos países que compõem o BRICS”, ressaltou Dorinha Seabra.
Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Fonte: Agência Câmara de Notícias