O programa Tolerância Zero às Facções Criminosas, lançado em novembro do ano passado pela gestão de Mauro Mendes (União), resultou na redução dos índices criminais, no aumento das apreensões de drogas e no fortalecimento do Sistema Prisional de Mato Grosso.
Durante a divulgação do balanço dos sete meses de ações, o governador relembrou o período crítico enfrentado por Mato Grosso nos anos de 2017 e 2018, quando o estado atravessava uma grave crise financeira. Ele citou problemas básicos na área da segurança pública, como viaturas sem combustível e sem manutenção. Contudo, destacou a reestruturação fiscal promovida desde 2019 e os investimentos realizados nas forças de segurança.
“Na segurança pública, ao olharmos os números, me orgulho muito de todos os investimentos que conseguimos realizar ao longo desses anos. Lembro quando começamos a falar sobre o programa de rádio digital e do quanto ele seria importante. Hoje, Mato Grosso talvez ainda seja o único estado com 100% de cobertura em rádio digital. É, possivelmente, um dos poucos estados que têm 100% das suas forças de segurança equipadas com o que há de melhor em termos de armamento e tecnologia disponíveis no país, equipamentos importados de alta qualidade. Tudo o que há de mais moderno em armamentos está à disposição”, afirmou Mauro Mendes.
O vice-governador Otaviano Pivetta destacou que a Segurança Pública por dois anos foi a Pasta que mais recebeu investimentos do Governo do Estado. “A partir de 2019, foi destinado o maior orçamento da história de Mato Grosso para a segurança pública. Durante os dois primeiros anos, a segurança recebeu o maior volume de recursos do Estado. Isso foi uma decisão do governador Mauro Mendes, que compreendeu, assim como eu, a urgência de investir nessa área”, afirmou.
Ainda dentro do programa Tolerância Zero às facções criminosas, foi lançado em março deste ano o Disque Extorsão, que recebeu 930 denúncias, sendo 543 relacionadas a facções criminosas e 387 referentes a extorsões. Por meio do número 181, o cidadão pode denunciar com garantia de sigilo absoluto.
Índices criminais
Os dados de criminalidade comparam os registros de dezembro de 2024 a junho de 2025 com o mesmo período do ciclo anterior (dezembro de 2023 a junho de 2024).
Os registros de homicídios dolosos caíram 28%, saindo de 535 para 385. Os latrocínios (roubos seguidos de morte) reduziram de 12 para 7, uma queda de 42%. Lesões corporais seguidas de morte diminuíram de cinco para três registros, redução de 40%. Já os casos de feminicídio houve aumento de 12,9%, passando de 31 para 35.
“Não vamos mascarar os dados. Tivemos aumento no número de feminicídios desde o lançamento do programa até o fechamento de junho. Esse tipo de crime é covarde, e ocorre dentro das residências. Dos 27 casos registrados de janeiro a junho deste ano, 77% aconteceram dentro de casa. Desses, apenas quatro tinham registro de ocorrência anterior e, infelizmente, apenas dois contavam com medida protetiva. Na maioria dos casos, não tínhamos conhecimento que a mulher estava sendo vítima de ameaças, perseguições ou que poderia ser vítima de um possível feminicídio. O feminicídio é um crime que, na maioria das vezes, ocorre em ambiente privado. Não é apenas um problema de segurança pública, ele é um problema que o Governo do Estado enfrenta com parte social”, destacou o secretário de Segurança, coronel Roveri.
Como exemplo de ações do Governo do Estado voltadas à proteção da mulher, o secretário Roveri citou a Expedição Ser Mulher, liderada pela primeira-dama Virgínia Mendes; a implantação das Salas Lilás nas unidades da Politec e da Polícia Civil; o Plantão 24 horas da Mulher em Cuiabá; a Sala da Mulher 24 horas em Rondonópolis; além da aquisição de viaturas especializadas para atendimento a mulheres vítimas de violência, destinadas à Polícia Militar (Patrulha Maria da Penha) e à Polícia Civil.
Crimes contra o patrimônio
Os crimes patrimoniais também apresentaram queda significativa de dezembro de 2024 a junho de 2025 com o mesmo período do ciclo anterior (dezembro de 2023 a junho de 2024).
Os registros de roubo a propriedades rurais caíram de 81 para 54, uma redução de 33%. O número de furtos a instituições financeiras caiu 20%, passando de cinco para quatro registros, enquanto os roubos a instituições financeiras não tiveram nenhuma ocorrência no período.
O roubo de insumos agrícolas caiu pela metade (50%), passando de 10 para cinco casos. O furto de cargas passou de 67 para 55 ocorrências, o que representa uma redução de 18%. Já o roubo de cargas caiu de 59 para 26 casos, uma queda de 56%.
Os roubos de veículos reduziram 36%, passando de 482 para 309 registros. Os furtos de veículos caíram 11%, de 1.167 para 1.037. Já os roubos em geral apresentaram queda de 37%, caindo de 2.655 para 1.673 registros. Os furtos em geral reduziram 22%, passando de 19.430 para 15.152 casos.
Em relação aos entorpecentes retirados de circulação, Mato Grosso apresentou um aumento de 43% nas apreensões realizadas pelas forças de segurança. A quantidade de droga apreendida passou de 19,9 toneladas para 27,4 toneladas, o que representa um prejuízo estimado de R$ 441 milhões às facções criminosas.
O secretário Roveri enfatizou ainda que o programa Tolerância Zero às facções criminosas é uma iniciativa voltada ao combate de todo tipo de crime em Mato Grosso e apresentou o panorama dos últimos dez anos.
“Este balanço foi apresentado após alguns meses de implantação do programa. Destacamos resultados relevantes, como o aumento nas apreensões de drogas e a redução nos índices de homicídios e outros crimes. Também apresentamos a série histórica dos últimos dez anos, demonstrando como Mato Grosso tem se comportado durante o Governo Mauro Mendes. Mesmo no nosso pior ano, os números ainda estiveram muito abaixo dos registrados entre 2015 e 2018. Trazemos esses dados com transparência, para que toda a sociedade tenha conhecimento dos índices criminais. Os crimes contra a vida apresentaram uma redução significativa nos primeiros seis meses deste ano, em comparação com o mesmo período dos últimos dez anos”, ressaltou.
Fortalecimento do Sistema prisional
Dentro do programa Tolerância Zero, houve o desmembramento dos sistemas Prisional e Socioeducativo da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), que passaram a integrar a nova Secretaria de Justiça (Sejus), comandada pelo delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira. A mudança resultou na redução de fugas e no fortalecimento da segurança nas unidades prisionais em todo o estado.
O secretário de Estado de Justiça apontou que o resultado das 405 operações no Sistema Penitenciário é reflexo do trabalho, intensificado desde o início do Programa Tolerância Zero contra Facções Criminosas e uma das estratégias para redução dos índices criminais e aprimoramento da segurança no interior das unidades prisionais de Mato Grosso.
“A Polícia Penal e nossos servidores têm atuado com muita dedicação para remover os ilícitos e, de forma simultânea, ajustar procedimentos operacionais internos e implementar equipamentos eletrônicos que reforçam a segurança nas unidades prisionais. O mais importante é que, nas últimas operações, esse aparato empregado tem surtido efeito e vamos continuar nosso trabalho contínuo para que a população mato-grossense tenha a sensação de segurança necessária para viver tranquilamente em nosso estado”, assegurou o gestor da Sejus.
Além da localização e remoção de 2.387 celulares, usados pelos criminosos presos para a comunicação com as ruas e ordens para crimes, as ações operacionais e o aprimoramento na segurança prisional resultaram na remoção de outros materiais ilícitos, como 907 chips de telefonia celular, 4.805 porções de entorpecentes variados, 27 drones, 1.072 carregadores de celular e 248 armas artesanais.
Na avaliação do secretário de Justiça, Vitor Hugo Bruzulato, o enfrentamento às facções passa diretamente pela reestruturação da política penitenciária em Mato Grosso, para fechar o cerco às ações criminosas e auxiliar na redução da criminalidade.
*Foto: Mayke Toscano/Secom-MT
*Fonte: SESP/Governo de Mato Grosso